21 de set. de 2010

Mensagem para Sandra



Quem sabe um dia eu viro Isabel Allende.
Vc vê quantas versões existem para os fatos?
Glorinha disse para Sandra: Tia Lourinha tinha um xodó especial pelo Juninho e pela Tânia, disso me lembro bem. Acho que eu ficava com ciúmes, porque eu admirava a vovó Adila, seu bandolim e suas histórias, mas sabia como toda criança sabe, que tia Lourinha gostava MUITO de mim.
Eu também tinha uma pontinha de ciúmes do meu pai com os sobrinhos.
Meu pai era super orgulhoso de vocês, mas vocês não davam muita bola pra mim e pra Rosana.
Lembro de irmos no seu mega-apartamento em Copacabana e vocês não saírem do quarto pra falar com a gente. Eu e Rosana éramos meninas do Grajaú, e com menos de dez anos. Molecas de soltar pipa na rua. Papai queria que nós fôssemos como vocês e como Márcia e Maria Ângela, as primas da Zona Sul.




Tânia tocava piano e fazia miniaturas de giz, você era (ainda é) linda, estudiosa. Saímos da casa imensa no Grajaú. Papai levou a gente pra morar em Ipanema, naquela casa de dois andares na Rua Prudente de Morais, que achei horrível, pequena e longe dos meus amigos (chorei muito), eu e minha irmã fomos para o mesmo dentista das filhas do tio Dirceu, para o mesmo colégio, Sacre Coeurde Marie. Papai queria que tocássemos acordeon. E que dançássemos na Enid Sauer (Isso não conseguiu). Claro que foi um desastre.



No Sacre Coeur eu era a única que usava "duas peças", e as freiras me esperavam na saída pra me convencerem a entregar a roupa de banho para Nossa Senhora. Quase conseguiram. Mas do ginásio em diante usei biquínis cada vez menores.
Lembro muito do casamento da Tânia com discurso do Ziraldo na igreja de vidro da Lagoa, como era moderna!!! Do nascimento da Apoena, com esse nome, como era moderno!!! Tânia era, pra mim, a modernidade!! E ainda tinha aquele cabelo e aquela cara de Brigite Bardot!!
Em algum lugar tenho uma foto da gente na Fazenda Boa Fé, em Teresópolis, quase todas "de toca" no cabelo (vou procurar).
E lembro do teu filho Fábio quando era bebê, lourinho de olhos azuis, a coisa mais linda.
E lembro que nas festas eram tantas as irmãs da tua mãe e tão parecidas umas com as outras que eu ficava muito confusa em nunca saber quem era quem. E as tias da tua mãe também eram parecidas e todas com a mesma voz e o mesmo jeito de falar, como se tivessem a mesma idade. Todas mulheres falantes e divertidas, nunca soube quantas. Lembro que tinha duas "Santinhas", é lembrança verdadeira ou imaginação minha?
Onde foi parar o bandolim da vovó e nossos acordeons?
A flauta transversa do nosso avô Antenor veio parar nas minhas mãos, achava interessante, era adolescente, pendurei na parede, depois, numa das mudanças, sem me dar conta, perdi.
Se fosse hoje, colocava numa redoma de vidro.


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